quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Águia e a Galinha

Uma metáfora sobre a condição humana




Certa vez um camponês foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo. Encontrou um filhote de águia. Colocou-o no seu galinheiro para crescer entre as galinhas. O camponês queria saber o que aconteceria com a águia se ela fosse criada como galinha. Todos sabem que as águias são aves fortes, voam acima de todas as demais aves, além de serem excelentes predadoras e aves muito corajosas.

A águia foi crescendo entre os pintinhos, aprendeu a comer a ração que eles comiam, aprendeu a ciscar o chão como as galinhas fazem e assim deixou de ser propriamente o que as águias são. Cresceu medrosa e limitada como qualquer outra galinha, embora suas asas medissem quase três metros de comprimento.

Um dia, um velho amigo do camponês estava visitando-o e o camponês, todo orgulhoso, contava como encontrou uma águia e transformou-a em galinha. Seu amigo duvidou, mas o camponês fez questão de mostrar a sua grande proeza. Aquele velho amigo ao ver a águia no meio das galinhas fez um desafio ao camponês.

— Vamos desafiar a águia... Ela é e terá sempre coração de águia.

— Você não conseguirá fazê-lo, esta águia agora é uma galinha. Ela nunca aprendeu a ser águia, durante toda a vida ela só soube ser galinha, e agora já é muito tarde para ela deixar de ser galinha.

— Não! Retrucou o amigo. Ela não é galinha é uma águia, vamos libertá-la para ver o que acontece!

Incrédulo o camponês aceitou o desafio e no dia seguinte seu amigo retornou bem cedo à fazenda, entrou no meio do galinheiro e pegou a águia-galinha. Enquanto isto o camponês observava o que seu amigo iria fazer e foi acompanhá-lo.

O amigo do camponês olhou para a águia e disse:

— Você não pode ser galinha, você é águia, voe!

Jogou a águia para o alto e, toda sem jeito, batendo as asas desordenadamente, caiu no chão e saiu correndo assustada para se ajuntar novamente às galinhas.

— Eu avisei que ela não é mais águia.

Disse o camponês.

Na manhã seguinte o homem retornou à fazenda do camponês, tomou a águia e levou-a para uma árvore bem alta, olhou mais uma vez nos olhos da águia e disse:

— Você é águia, sempre foi águia e não galinha.

Soltou o animal lá de cima da árvore, que arriscou um pequeno vôo, que de tão pequeno foi quase uma queda, mas logo foi se ajuntar com as demais galinhas, para ciscar o chão e comer milho.

Algumas vezes, outras águias sobrevoavam a fazenda, davam rasantes perto do galinheiro, a águia-galinha simplesmente observava, talvez tentando lembrar de algo que ela nunca havia sido, que por instinto desafiava sua natureza em busca da liberdade que as águias têm, mas que era abafado por sua “natureza” galinha.

No terceiro dia o amigo do camponês chegou na fazenda antes do sol nascer, mais uma vez pegou a águia, ajeitou-a em seus braços e a levou para a montanha mais alta da fazenda longe das casas e dos homens.

O sol estava quase nascendo, o céu já recebia os primeiros raios de sol em tom alaranjado, algumas nuvens perto do horizonte transmitiam o brilho que refletia misturado com o azul anil que ia chegando aos poucos. Era possível ver algumas colinas ao fundo que revelavam suas silhuetas ganhando cor e misturas de luz e sombras enquanto ia crescendo a luz em todo o horizonte, também se via as casas e a fazenda, pequenas, lá em baixo no vale. Outras águias começavam a alçar vôos naquela manhã e outras sobrevoavam acima dos dois homens e da águia-galinha no cume da montanha.

Enquanto o camponês observava. O amigo sussurrou aos ouvidos da águia:

— Águia, este é o teu lugar, você não é galinha.

Mas ela não voou tão rápido, então ele segurou bem firme a águia, apontou sua cabeça em direção ao horizonte onde nascia o sol. A águia-galinha tremia, não suportava olhar para o sol que ia nascendo, mas aos poucos seus olhos se enchiam com toda aquela luz, parou de tremer e já tentava se libertar das mãos daquele homem. Ergueu-se soberana, abrindo suas asas de quase três metros, de uma ponta a outra, emitindo um tímido, mas típico grasnar de águias. Outras águias respondiam ao longe, aquele kau-kau ganhou volume, chegou a fazer eco no vale e a águia começou a ganhar coragem para voar, arriscou seu primeiro vôo de liberdade, começou a voar em direção ao alto, foi mais alto ainda até se confundir com o azul do firmamento e voar por cima das nuvens.

A essência da águia ganhou lugar jogando fora o que não lhe era natural, a fraqueza e o medo próprios da galinha já não tinham mais lugar nesta nova vida, a águia finalmente se libertava da condição imposta de ser galinha e não águia.


Moral da história: Esta história eu li já faz algum tempo, num livro do Leonardo Boff, é uma lenda que foi contada pelo James Aggrey, Natural de GAMA, pequeno pais da África Ocidental em um discurso a favor da liberdade. Resolvi contá-la aqui de forma resumida, é claro. Queria apenas que você refletisse comigo sobre nossa condição des-humana, sobre aqueles que tentam dizer que somos fracos, incapazes, limitados e que não vale a pena lutar para mudar ou mudar para lutar.

Deus não nos chamou para sermos galinhas, mas sim águias. Não no sentido predatório próprio à águia, mas sim, no exemplo da força, da coragem e da resignação característicos e nela existente.

Existem muitos que tentam arruinar nossos sonhos e esperanças, mas nossa fé está Naquele que nos dá condição de enxergarmos além das circunstâncias, que nos faz ver o que realmente somos, não para limitação, mas para as possibilidades Nele encontradas.

O Deus que liberta te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Segunda-feira, 11 de Maio de 2009

Sobre ovelhas e lobos




"O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor." (João 10.10-16)


Quero falar sobre algumas características muito peculiares das ovelhas, e aqui eu falo do animalzinho mesmo, qualquer semelhança não será mera coincidência. Algumas ovelhas preferem escolher pastagens de qualidade inferior. Isto é uma das coisas que mais apavoram o pastor. As ovelhas, por dificuldade de faro, são susceptíveis a ingerir tudo o que encontram pela frente, não distinguindo as ervas daninhas, que podem lhes fazer mal ou mesmo levá-las a morte. Se no pasto existirem flores ou sementes coloridas, mas venenosas, que atraiam sua atenção, as ovelhas comerão sem saber que estão se envenenando. Elas têm hábitos repetitivos, pastam nos mesmos lugares até que destruam todo o pasto. Defecam no próprio campo onde comem, liberando vermes e parasitas. Se o pastor não dirigí-las a novos pastos, vão repetindo os velhos hábitos. A ovelha teimosa pastará sempre nos mesmos trilhos. O seu fim será o emagrecimento, doenças e sofrimento.

Algumas, em geral as mais velhas, disputam pela liderança do próprio rebanho, empurrando as mais novas para longe das melhores partes do pasto. Na época do outono as fêmeas passam a ser disputadas pelos machos. É o tempo do cio. Estes batem as suas cabeças umas nas outras tentando disputar a fêmea. O pastor sabe que isso pode ferí-los muito, por isso passa uma espécie de óleo em suas cabeças, para protegê-los.

O pior de tudo é que as ovelhas são muito medrosas, assustam-se facilmente e ao mínimo sinal de perigo ou problema elas acabam pulando nos precipícios.

Quando há uma ovelha muito rebelde e fujona no rebanho o pastor costuma quebrar as pernas dela com o seu cajado. Durante o processo de cura o pastor carrega a ovelha em seu colo o tempo todo e lhe dedica uma atenção especial, trazendo alimento, água e remédios. Enquanto a ovelha vai se recuperando, aprende a confiar em seu pastor e, depois de curada, dificilmente voltará a fugir novamente.

Mas cuidado! Os lobos estão rondando o aprisco! Muitos são os lobos pregadores que vão às televisões, rádios e até mesmo à internet vender a imagem de um Deus negociador e ameaçador, somente para fazer valer em seus templos as leis de mercado, oferta e procura. Não estou generalizando, sei que também existem pastores sérios que freqüentam as mesmas mídias com uma palavra revelada e genuinamente centrada em Deus. É preciso fazer uma separação aqui e não julgar os bons pastores pela conduta dos lobos e mercenários, mas o problema é que os lobos estão à solta mesmo, tentando enganar os mais desavisados. Passam por cima de qualquer coisa, até mesmo da verdade bíblica para construírem suas “teo-ideologias de mercado” centradas em seus próprios interesses. Classificam as ovelhas por números e poder aquisitivo ao invés de conhecê-las pelo nome. Os lobos são mestres das meias verdades, dizem facilitar o alcance das bênçãos através do dinheiro depositado em seus cofres. Os lobos não pedem oferta por amor ao Reino e para investir nele, fazem isto pelo seu próprio ventre. Ameaçam as ovelhas, não para curá-las, mas para mantê-las presas ao medo e ao seu domínio.

Por outro lado, algumas ovelhas não se podem fazer desculpáveis, porque elas mesmas são quem se deixam levar pelo cenário colorido, pintado pelo lobo, sem se dar conta de suas armadilhas e acabam sofrendo com as decisões tomadas. Ali são espoliadas de sua lã, carne e gordura. Os lobos, enganadores de ovelhas, conseguem se articular e, mentindo, transferem a culpa de seus atos para o aprisco, como se a condição de ser ovelha fosse a causadora da existência sádica do predador e mercenário. O resultado é a enorme quantidade de gente ferida, dentro e fora das igrejas, mutiladas, traumatizadas, é gente que desistiu de ser ovelha porque lembra e tem medo da mordida do lobo.

Mas, graças a Deus! Que nós não estamos sozinhos neste imenso aprisco chamado Igreja. Jesus, o bom pastor, nos chama pelo nome, está disposto a tirar os carrapichos de nossa lã, derramar bálsamo em nossas feridas e nos defender dos lobos com a própria vida. Somos ovelhas do seu rebanho e Nele temos provisão de bom alimento, aconchego e a segurança dos seus braços.
A chave para discernir entre o lobo e o pastor é a voz. As ovelhas reconhecem a voz de seu Senhor Pastor e sentem segurança ao ouvi-la. Precisamos nos familiarizar cada vez mais com esta voz a fim de que não sejamos levados por qualquer ameaça. Logo, estar junto ao som de Suas palavras é o lugar mais seguro do aprisco.

Nele temos segurança e paz, carinho e refúgio, alimento e cura. Ainda há tempo de ser levado aos pastos verdejantes e às águas tranqüilas. Podemos confiar no consolo da vara e cajado do Senhor. Sabemos que Nele somos defendidos de nossos inimigos e recebemos porções transbordantes de alegria. Nossa confiança é que com Ele habitaremos entre a bondade e a misericórdia para todo o sempre.

O Deus Pastor te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Terça-feira, 28 de Abril de 2009

A menina e o mar




Conta uma lenda que, muito antigamente, no tempo quando nem existia televisão ainda. Quando viajar era de trem e para poucos, e a vida era ganha com muita dificuldade. Era um tempo onde as crianças brincavam de jogar bola de gude nas calçadas de barro, empinar pipa e pique-pega. A vida passava tão lentamente que crescer durava uma eternidade. Telefone e farmácia se escrevia com "ph" e para ligar para uma pessoa, em outra cidade, era preciso pedir à telefonista, que se conhecia pelo nome, para completar a chamada.

Havia uma pequena menina que morava no interior, numa cidadezinha cujo nome, até hoje, nem consta nos mapas. Um lugar no meio do nada, longe de tudo, na verdade, chamar de "cidade" poderia ser considerado um exagero. Estava mais para um pedaço de estrada, com um pequeno conglomerado de casas humildes que eram utilizadas como armazéns, bares e uma pequena pousada para quem passava por ali de viagem. Mas tudo bem. Deixa como está! Vamos chamar de cidade assim mesmo.

Esta menina observava os viajantes chegarem à sua casa e falar sobre os lugares por onde passavam, contavam histórias da cidade grande, mas havia algo que sempre a deixou intrigada. Eles falavam de uma coisa chamada "mar". Para uma menina acostumada com a poeira da estrada de chão e a sequidão do sertão, onde água, quando tinha, só na torneira ou na bica. Tentar conceber a imagem de um lugar cheio de água que cobria todo o horizonte, até onde os olhos podiam alcançar, era um misto de curiosidade, incredulidade e temor.

Aos poucos, dentro daquele pequeno universo, a pequena menina foi crescendo. Um dia brincar de boneca já não era tão interessante e a vida naquele bucólico vilarejo ficava chata demais com o passar dos dias. Seu único desejo era poder sair daquele lugar para conhecer o tal do mar. Ela sempre ouviu falar sobre o barulho que ele fazia quando quebrava suas ondas nas rochas, de como conseguia engolir embarcações gigantescas e até mesmo o sol todos os dias. Ela ouvia histórias dos tesouros que o mar escondia e dos peixes que poderiam ser maiores do que a sua própria casa. A menina ficava curiosa, tentando imaginar como as pessoas conseguiam atravessar de um país para outro através das suas águas. Era uma imagem grande demais para sua pequena mente alcançar, mas mesmo assim ela se apaixonava cada vez mais por aquele sentimento. Chegava até sonhar com o que poderia ser o mar ou, pelo menos, com o que ela achava que seria o mar.

Seu aniversário de 15 anos se aproximava e ela pediu ao pai para não fazer festa. Queria uma viagem de presente. Naquela época, uma moça fazer 15 anos, era um acontecimento com porte de desfile de feriado nacional com honras militares. Mas ela estava disposta a abrir mão daquele momento tão esperado por sua família, para realizar o grande sonho de sua vida. Conhecer o mar.

O pai não teve outra escolha, a não ser cumprir o desejo da filha. Afinal eles nunca haviam viajado para tão longe juntos, e era justo realizar o único pedido da pequena filha que estava virando moça.

Viagem preparada, passagens compradas no guichê da estação de trem. Teve até bandinha para se despedir da menina no dia do seu aniversário. Era uma longa jornada até chegar no litoral, mas a menina nem prestava atenção nas paisagens que iam aparecendo na janela do trem.

— Pai, você já viu o mar?

Perguntava a menina, tentado tirar o máximo de informações do pai para construir sua própria imagem do mar. E ele tentava descrever como podia, hora rindo, hora impaciente com a quantidade de perguntas sobre o mar.

A viagem levaria uns dois dias, mas ela não se importava, valia o sacrifício para ter o sonho realizado.

Chegando o grande dia, já estavam se aproximando do litoral. A menina eufórica nem quis passar no hotel, foi primeiro para a praia. A primeira lágrima escorreu dos olhos dela. Era lindo o que via, nada do que ela imaginou era tão grande e estonteante como o que ela estava vendo e presenciando naquele momento.

— Pai, eu posso chegar perto dele?

Perguntou a menina, ao pai, sem conseguir segurar as lágrimas misturadas com o sorriso mais radiante que ele já tinha visto nela. Antes que ele respondesse, ela já corria pela areia da praia tirando os sapatos.

Ela só queria chegar perto o suficiente para descobrir se a água era tão salgada e gelada quanto falavam. Ela já começava a sentir a areia molhada na sola dos pés e de repente, a euforia se misturou com um medo que ela nunca havia sentido antes. Todas as histórias que ela já tinha ouvido sobre o mar, até então, começaram a vir à sua mente ao mesmo tempo. A violência do barulho das ondas quebrando na areia a segurou por um momento até que, calmamente, a sobra de água de uma onda avançou pela areia e cobriu seus pés lentamente. Ela levou um susto, quis fugir, mas aqueles poucos segundos se eternizaram e a paralisaram enquanto a água escorria novamente para o mar fazendo cócegas na sola dos pés da menina.

O medo aos poucos se transformou em confiança e a menina tentou chegar mais perto do mar e o mar também se aproximava dela com ondas cada vez mais fortes. Ela teria que escolher entre não provar o mar ou molhar o único vestido que tinha ganho de aniversário. Até que, sem esperar, de repente, uma grande onda a cobriu e a molhou por completo. Pronto, já não havia mais o que escolher, a surpresa da onda a fez se entregar por definitivo àquela nova experiência.

A menina finalmente encontrou o mar e o mar a encontrou também.


Em nossas vidas também é assim: Nos relacionamos com Deus da mesma forma que esta menina se relacionava com o mar. Vivemos na sequidão e expectativa de encontrar um Deus que, às vezes, só conhecemos de ouvir falar. Ouvimos o testemunho de terceiros sobre suas experiências com a regeneração, cura e perdão experimentados em Deus. Nada do que imaginamos pode chegar perto do que Ele realmente é e significa mas, muitas vezes, quando temos a oportunidade de prová-lo e conhecê-lo de fato, temos medo de molhar nossa aparência. Perdemos, então, a oportunidade de vivenciar este poder de Deus em nossas vidas. Para experimentá-Lo precisamos nos envolver profundamente.

Conhecer Deus por inteiro é a maior experiência que alguém pode desejar e alcançar em toda a sua vida. Nada se compara ao seu poder e glória, nenhum oceano consegue ser maior ou mais profundo que o amor e perdão nEle encontrados para cada um de nós.

Buscá-lo, pode ser uma longa jornada, mas quando nos encontramos com a plenitude de Sua Glória não conseguimos deixar de tocá-lo ou ser tocados por Ele. Quando encontramos Deus, ao mesmo tempo somos achados por Ele. Algumas vezes somos pegos de surpresa por Deus e depois disto não há mais como voltar atrás.

Um dia, até mesmo o mar se rendeu à Palavra Viva de seu Criador. Quem tem poder para criar e dar ordens ao mar, tem poder para trazer abundância de água a qualquer deserto. Mais que o mar, quem o criou deseja transformar a sequidão do pecado e da morte em abundância de água viva de graça e misericórdia. Permita, hoje, que a onda do amor de Deus inunde sua alma e lhe traga vida.

O Deus que pairava sobre as águas te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Quinta-feira, 23 de Abril de 2009

O tempo da escolha


“E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus, porque Ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação;” (II Coríntios 6.1-2)


Tive o privilégio, durante minha juventude, de ter sido ovelha de um grande homem de Deus. Pastor Ermil era como nós o chamávamos. Eu me lembro bem, um dia, durante um sermão, ele contou a história de um ex-combatente que havia perdido as duas pernas na guerra, depois de pisar numa mina que estava escondida por onde o pelotão passava. Quanto rancor, ódio, culpa e rejeição aquele soldado carregava dentro de si.

Certa vez este mesmo homem foi convidado para assistir a um culto, e o pregador, naquela noite, parecia ter estudado toda a vida daquele homem. Cada palavra tinha algo profundamente familiar àquele soldado. O homem naquele púlpito falava do grande amor de Deus pela humanidade, um amor que o ex-combatente desconhecia até então, mas que o interessava. Ele ouvia atentamente cada palavra do pregador explicando como Deus havia entregue seu próprio Filho para morrer por cada homem e mulher e como Ele, o Criador, desejava se reconciliar com os pecadores.

Quando aquele pregador fez o apelo, o homem veio se arrastando pelo corredor da igreja e perguntou:

— Ei, pastor! Deus aceita um homem pela metade como eu?

O pregador ficou momentaneamente em silêncio e respondeu:

— Veja bem, filho! Deus aceita um homem, pela metade, que se entregue por inteiro mas; não aceita um homem inteiro que se entregue pela metade.



Esta pequena ilustração até hoje chama minha atenção e me faz refletir sobre o nível de entrega que tenho apresentado a Deus. Será que eu realmente estou disposto a me entregar por inteiro ao projeto dEle para a minha vida? Será que abrir mão da minha vontade, do que me agrada e obedecer por completo ao querer do Senhor é o que estou disposto a fazer hoje?

O grande problema que enfrentamos, quando precisamos decidir entre nossa vontade e a de Deus, é que nem sempre confiamos o suficiente que Deus deseja nos entregar, de fato, o melhor.

É fácil dizer que Deus tem o melhor para nós, que Ele sabe o que faz, que a vontade do Senhor é prefeita, etc. Acreditar que isto é real não é tão doloroso assim, mas aplicá-la em nossa vida, realmente, é que é a grande questão sobre tudo isto e entender esta vontade de Deus requer muito tratamento e quebrantamento. Nem sempre nossos planos estão alinhados com os planos de Deus, e eu não creio que Ele faça por maldade, pelo contrário, eu sei que, muitas vezes quando estamos no auge da nossa própria vontade, os caminhos que pensamos ser caminhos de vida, na verdade, poderão frutificar em morte se Deus não intervir e mudar nossa rota. É difícil deixar Deus arrancar algumas vontades que ficam enraizadas no nosso coração, projetos que nos dão a sensação de realização, poder e liberdade. Mas eu tenho aprendido que a perfeita vontade de Deus jamais deixará alguém frustrado. Os planos dos homens podem fracassar, os projetos podem falhar, mas os caminhos do Senhor são eternos.

Quando submetemos nossos passos a Ele, em amor, nada pode dar errado. Esta entrega é conquistada através de um aprendizado constante, diário. Algo que tenho ministrado a mim mesmo é que “o obedecer é melhor que o sacrificar”. Eu sei que os frutos desta entrega virão. Posso sentir no meu espírito que o coração quebrantado e submisso é o que agrada a Deus, sei que a resposta está não no que eu planejo, mas no que Deus sonha para mim e por mim.

Por outro lado, não há melhor lugar para se estar do que no centro da vontade de Deus. Experimentar esta realidade é a melhor escolha que alguém pode fazer. O Espírito Santo tem convidado, você e eu, a vivenciarmos ainda hoje uma profunda intimidade com o Pai, e intimidade, neste caso, se traduz em amor. É desta forma que aprendemos a ouvir Sua doce voz, amar a Deus e desejar Sua vontade é o primeiro passo para alcançarmos uma vida de sucesso sem errar nas escolhas.

Lembre-se que Deus nos deseja por inteiro, sem reservas. Se for preciso tratar, Ele vai tratar, se for preciso quebrar e refazer Ele o fará. Quanto mais liberdade você e eu dermos a Deus para trabalhar em nossas vidas, mais rápido alcançaremos o melhor.


O Senhor, em toda sua plenitude, lhe abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Sábado, 11 de Abril de 2009

Eu sei em quem tenho crido



"Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam.
Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.
Mas, de fato eu vos afirmo, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem." (I Coríntios 15.12-20)


Romances, livros, filmes, documentários, alguns bem, outros nem tão bem intencionados assim, tentam de todas as formas convencer-me, hoje, de que aquele que confesso ser o meu Senhor não ressuscitou. Que a crença que os cristãos professam não passa de mais uma lenda absorvida pela história como uma ficção que ganhou status de verdade e dogma religioso através de perseguição e imposição política.

O que estão gritando a plenos pulmões, de cima dos telhados da mídia e dos guetos neo-pagãos, é que a Igreja tomou emprestado figuras mitológicas e forjou sua própria divindade. Transformando um homem comum, que teria passado desapercebido pela história não fosse sua personalidade carismática, em Deus.

Comparam o homem Jesus a Buda, Moisés, Mohamed, Merlym, Maytréia e tantos outros “iluminados” que passaram e passarão pela nossa história, afirmando que há tanta salvação em Jesus Cristo como nestes outros homens.

Negam o pecado, o Bem e o Mau personalizados em alguma divindade ou lados opostos, dizendo aos seus prosélitos e vocacionados: um ou outro não importa, você é seu próprio deus, dono de si mesmo e de suas atitudes. Para provar suas “verdades” e afirmações oferecem o poder de dobrar as forças da natureza para seu próprio interesse, disponibilizando “segredos antigos” e o contato sobrenatural com “mestres espirituais” que dão aos iniciados nos mistérios da magia e da mediunidade a possibilidade de verem materializados a resposta imediata de seus deuses, invocações e encantamentos.

Alguns mais inflamados anunciam o fim do cristianismo como religião histórica. Proclamam um retorno às antigas tradições e se auto-intitulam os verdadeiros arautos do Criador ou da Criadora, como preferem outros.

Nesta desacreditada páscoa, especialmente, quero convidá-lo(a) a refletir sobre o profundo significado e verdade que há nela. Mais do que uma disputa de verdades ou de ideologias e sistemas de crenças religiosas para saber quem está com a razão. Mais do que uma briga política entre cristãos e não cristãos, precisamos estar aptos a dar respostas seguras, mesmo diante de refutações muito bem arquitetadas, sobre o “porque cremos”. Esta resposta não está somente na letra, no texto bíblico estudado. Ele é importante e essencial, é nossa regra de fé e conduta, mas é necessário trazer esta verdade de Deus revelada na Palavra para nossa existência. Do contrário nossa experiência religiosa será rebaixada a uma mera filosofia ou mitologia. Aqueles que experimentam sua fé apenas de ouvir falar e possuem pouca ou nenhuma vivencia com Deus no seu dia-a-dia terão muita dificuldade para dar respostas satisfatórias aos crescentes questionamentos e afirmações que fazem ao cristianismo atualmente.

Mais do que uma resposta ou defesa apologética da fé cristã, baseada simplesmente no conhecimento histórico, o que precisamos hoje é experimentar a presença real e poderosa de Deus, conhecer Deus e fazê-lo conhecido como Ele realmente o é. Há no mundo uma infinidade de “vozes divinas”, cada uma delas chamando para si a qualidade de verdade. Algumas dessas deidades apresentam sinais e maravilhas para reivindicar e comprovar este status. O desatento e desorientado poderá enganar-se facilmente e deixar-se ser engolido pelo sinal apresentado, mas aquele que consegue reconhecer a doce e realmente poderosa voz de Deus saberá onde encontrar a verdade.

Conhecimento por conhecimento, revelação por revelação, sinal por sinal, nada se compara à autoridade e ao poder da ressurreição no nome de Jesus Cristo, que subjuga principados, potestades, dominadores e espíritos imundos nas regiões celestiais. Que quebra toda e qualquer cadeia de engano, que descortina o entendimento, leva cativo ao senhorio de Cristo os nossos pensamentos e nos purifica e livra de todo pecado e maldade.

Sim, antes de procurarmos contra-argumentos aos questionamentos que recebemos é preciso resgatar o senhorio, autoridade e poder de Cristo em nossa vida e mente através do quebrantamento, jejum e oração. Nós não somos os primeiros a precisar responder a este tipo de afirmação feita pelos que não crêem. Desde o início da era cristã, existem aqueles que afirmam não haver redenção em Cristo Jesus, tentando anular a ressurreição. O Apóstolo Paulo os confrontava não somente no conhecimento ou argumento da palavra, mas principalmente no poder de Deus, e aqui é onde saímos da esfera do conhecimento humano, natural, para o agir e convencer poderoso do Espírito Santo. É o sobrenatural do Espírito de Deus que convence o homem do pecado, da justiça e da salvação em Cristo Jesus.

Certamente a Igreja, você e eu, precisamos retomar o caminho da comunhão em santidade com o Pai. A verdadeira revelação de Deus brota nestes momentos de entrega e submissão à sua vontade. Somente a santidade consegue manifestar e revelar sem barreiras o poder de Deus, e enquanto houver pecado em nossos púlpitos e altares, haverá dificuldade de convencer o mundo do seu próprio pecado e da justiça do Senhor.

Minha oração é para que nesta páscoa haja uma profunda revelação do poder da ressurreição do Senhor em sua vida. Desejo que sua experiência com Deus seja não somente no conhecimento intelectual, de ouvir falar, mas principalmente no andar com Ele, em espírito e em verdade.

Eu creio na ressurreição e na Vida Eterna, creio no Sangue do Cordeiro que tira o pecado do mundo, creio porque tenho experimentado desta realidade do Senhor. O Senhor deseja lhe usar como boca de Deus para esta geração, como sinal da graça e do seu Reino, como manifestação da justiça e misericórdia de Deus. Permita-se ser envolvido por esta verdade.

Jesus Cristo ressuscitado lhe abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Domingo, 5 de Abril de 2009

Vencendo o pecado



"Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo." (Gênesis 4.7)
Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. (Hebreu 4.15)

O pecado é tema controverso desde que o mundo é mundo. Lembro das histórias que meu avô contava, no tempo dele adolescente no interior, recém chegado na igreja, era ensinado que jogar futebol era pecado. Assistir um jogo de futebol no domingo então era motivo para mandar ajoelhar no milho se preciso. Hoje temos os Atletas de Cristo até na Seleção Brasileira de Futebol. Quem não se lembra do Tafarel ajoelhado, não no milho, mas no gramado em frente ao gol, no domingo de decisão da Copa do Mundo com os punhos fechados e os dois indicadores apontando para o céu?

O pecado mudou ou foi a igreja que relaxou demais? Eu arrisco dizer que nem um nem outro, e também, infelizmente, ao mesmo tempo um pouco de cada. A Bíblia dá uma lista pequena demais sobre as atitudes que são consideradas pecado, o problema do pecado não é fazer ou não fazer isto ou aquilo, o problema central do pecado é achar que tudo é normal e viver uma vida descomprometida com o projeto inicial de Deus para o homem.

Seria fácil demais listar uma série de coisas que não se deve fazer e viver como se não estivesse pecando, fazendo as outras coisas igualmente pecaminosas mas que não estão descritas ali detalhadamente, a Lei se propôs a fazer isto e não deu certo como tentativa de justificação do homem. O apóstolo Paulo chega a citar esta tentativa frustrada dizendo "Porquanto o que fora impossível à Lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado," (Romanos 8.3).

O que é pecado então? É possível evitá-lo? A melhor definição que já ouvi sobre o pecado foi “errar o alvo”. Pecar é mirar num ponto, distrair-se e atirar em outro lugar. Mas é possível acertar o alvo sim. Aliás esta é a vontade de Deus, que não pequemos. Se Deus deseja isto é porque é possível e a Bíblia está repleta de conselhos sobre como manter um padrão de santidade sem pecar. Quem diz que não devemos nos preocupar com o pecado ou que queremos ser radicais demais evitando-o é porque não consegue se libertar da prática do pecado e tenta de qualquer jeito se justificar nas acrobacias teológicas para amenizar sua culpa.

Brincar com o pecado é como acariciar uma cobra, quando menos se espera ela dá o bote. A santidade se manifesta quando, mesmo doendo na carne, resistimos ao pecado. Quando o nosso desejo se levanta contra, compete a nós dominá-lo. Isto é um exercício diário, não pela nossa própria força, mas na motivação do Espírito Santo soprando em nossos corações a vontade do Pai. Às vezes é preciso “cortar a carne” e mortificá-la ou literalmente fugir de situações que podem nos deixar frágeis e acabar nos seduzindo ao erro ao longo do tempo. O pecado é perigoso e malicioso, ele pode ir se instalando aos poucos sem fazer muito alarde e quando menos se espera ele dá seus frutos.

Obedecer é melhor do que sacrificar, quando o sinal de alerta do Espírito Santo acender no seu coração é melhor dar crédito, por mais inocente que seja uma situação, quando sua mente tenta negociar propondo “O que é que tem? Só um pouco não faz mal...” pare imediatamente e retorne ao lugar de Deus para sua vida. Garanto que você não se arrependerá!

A questão de não pecar não está relacionada somente à sua salvação pessoal, mas a todo um projeto de Deus para a sua vida inserida em um contexto muito mais amplo como a Igreja e as pessoas que convivem com você no dia-a-dia.

Enquanto o propósito do pecado é contaminar e destruir, a santidade contagia e cura. Viver uma vida de santificação diária facilita a ação de Deus na sociedade através da sua vida. Sim há muito mais benefícios contidos na proposta bíblica de santidade, você se torna um canal poderoso do agir e do fluir de Deus à medida que vai sendo limpo e polido pela Palavra. Sua percepção sobre as coisas do Reino fica mais aguçada e com o tempo você vai aprendendo a discernir o que é e o que não é de Deus. A santificação limpa nossos ouvidos para ouvir a voz mansa do Senhor.

Mas e quando não consigo resistir ao pecado? É preciso haver uma cura. O tratamento de Deus é real e possível. Eu mesmo já experimentei situações onde pensava que jamais me livraria do vício do pecado, mas através de muito quebrantamento e tratamento do Senhor me sinto totalmente liberto hoje. O segredo? Submissão.

A tentação pode ser grande, mas a escolha é sempre nossa, pecar ou não pecar. Geralmente estamos tão condicionados a não resistir ao pecado que nossa mente ás vezes já está cauterizada, mas é preciso mudar este quadro com oração e esforço. Peça e permita que o Senhor lhe revele áreas da sua vida e brechas que precisam ser reparadas hoje, este é um tempo de cura para você como igreja e parte do corpo do Senhor. Vamos sair do nível da legalidade para o nível da santidade e experimentar o melhor de Deus para nossas vidas.

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